Bacharelado para pensar um novo modelo de polícia

Rio Grande do Sul terá curso inédito no Estado de Bacharelado em Segurança Pública. “É imperativo construir um novo modelo de segurança pública, lastreado na defesa das garantias individuais e coletivas dos cidadãos.”

17/08/2016 –

Diante da complexidade crescente da criminalidade, e para fazer frente à escalada da violência em nosso país, as palavras de ordem que se impõem aos operadores da Segurança Pública são “profissionalismo e qualificação”.

Nesse contexto, o SINPEF/RS, no sentido de contribuir para o aprimoramento da formação profissional e para a capacitação permanente dos policiais, acalenta um velho sonho de ver no Rio Grande do Sul um curso de graduação em segurança pública, capaz de dar aos operadores desse setor o preparo que o ofício necessita.

Assim, o SINPEF/RS apresentou, no ano passado, o projeto do curso à reitoria da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS , o qual foi muito bem recepcionado, tendo sido aprovada recentemente a criação do Bacharelado em Segurança Pública no Rio Grande do Sul, um curso inédito em nosso Estado.

O Bacharelado em Segurança Pública também é oferecido pela Universidade Federal Fluminense que formou sua primeira turma no mês de julho passado, em Niteroi/RJ. No Rio Grande do Sul, sua duração será de quatro anos e contará com duas turmas de 30 alunos (manhã e noite), o que certamente dará um salto de qualidade para um setor que tem preocupado a todos.

Histórico e realidade

A falta de planejamento e de políticas públicas para as questões relacionadas à segurança pública é um dos fatores que tem contribuído para o avanço da violência no Brasil. Mas como imprimir um regime planejado e estruturado se os operadores continuarem a atuar de forma amadora e tendo apenas o empirismo como lastro a orientar suas atividades?

Assim como a medicina foi criada para formar médicos; o direito, para os advogados; a psicologia, para os psicólogos; a administração, para os administradores; as ciências aeronáuticas, para pilotos; as ciências policiais foram criadas para formar policiais.

Nos Estados Unidos, por exemplo, a qualificação profissional dispensada aos policiais é tratada com enorme prestígio. Prova disso é a existência de 61 grandes universidades oferecendo cursos na área de justiça criminal ou ciências policiais. Os Estados de Nova Iorque e do Texas contam com as instituições de ensino superior de maior prestígio na área policial, o John Jay College of Criminal Justice da City University of New York (bacharelado, mestrado e doutorado em justiça criminal) e o College of Criminal Justice da Sam Houston State University (bacharelado, mestrado e doutorado).

Tratativas

Desde o início de 2015, e com essa intenção, o Sindicato tem estreitado parcerias com o mundo acadêmico, em especial com a PUCRS, através do professor doutor Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo, coordenador do Programa de Pós-Graduação de Ciências Sociais e importante colaborador nas iniciativas do movimento sindical junto ao meio acadêmico. Essa parceria já resultou na promoção de dois Simpósios Nacionais sobre a Reforma do Sistema de Segurança Pública, além de terem sido realizados inúmeros debates e fóruns para tratar de estratégias capazes de frear a violência no Brasil.

No ano passado, o SINPEF/RS trouxe ao Estado os coordenadores do Bacharelado em Segurança Pública da UFF/RJ, que explanaram acerca do currículo do curso e das perspectivas para o mercado de trabalho.

Aos poucos tomava corpo a ideia de que Segurança Pública não é um tema para ser tratado e aprofundado apenas por juristas, mas que requer uma formação específica envolvendo também seus operadores. Para nossa satisfação, em reunião realizada com o professor Rodrigo Ghiringuelli de Azevedo, no último dia 27 de julho, na sede do SINPEF/RS, tivemos a confirmação de que o primeiro processo seletivo para o Curso de Bacharelado em Segurança Pública da PUCRS será realizado já em janeiro de 2017.

Disciplinas

Atualmente, estão sendo feitas definições sobre a grade curricular do curso. Além de disciplinas básicas obrigatórias e de outras já propostas pela Universidade, com base no Direito, na Sociologia, na Administração, na Psicologia, etc., está sendo estudada a possibilidade de inserção de outras disciplinas específicas como Segurança Privada, Vigilância Eletrônica (Tecnologia, Informação e Comunicação em Segurança Pública), Gerenciamento de Crises, Preservação e Valorização da Prova, Uso Legítimo (seletivo) da Força, Inteligência e Segurança Pública, Investigação Criminal e Defesa Civil.

Importância e objetivo

O presidente do SINPEF/RS, Ubiratan Antunes Sanderson, reiterou que a intenção é suprir a lacuna existente numa área tão cara aos brasileiros, dando-se mais um passo rumo à reforma do atual e saturado sistema de Segurança Pública:

 “É imperativo construir um novo modelo de segurança pública, lastreado na defesa das garantias individuais e coletivas dos cidadãos.

Impossível ser uma polícia eficiente sem antes atender aos anseios da sociedade. Oferecendo uma formação acadêmica séria e responsável para os operadores do sistema as chances de vencermos a escalada crescente da violência aumentará.

O arcaico e ultrapassado modelo policial adotado há mais de 200 anos no Brasil, tanto nas polícias militares, quanto nas polícias civis, calcado fundamentalmente no empirismo e na improvisação, não se coadunam com os padrões das melhores instituições policiais estrangeiras, nas quais a garantia de direitos e a aplicação da lei são rigidamente respeitados.”

O bacharel em Segurança Pública será um especialista no setor, preparado para elaborar programas e políticas, a partir do entendimento e do diagnóstico dos conflitos sociais. Ele terá uma formação que o capacitará a assumir o papel imprescindível de saber lidar com os problemas que assolam o setor, através do entendimento do fenômeno social da violência, levando em consideração os interesses da sociedade. “De posse do diagnóstico possível e a partir de conhecimentos sobre gestão, o bacharel em Segurança Pública também poderá intervir de forma eficiente para buscar transformações consistentes”.

O sociólogo Rodrigo Azevedo destaca que o curso surge em um momento extremamente oportuno em que as práticas institucionais precisam ser reformuladas frente as demandas sociais que se impõem. “Precisamos qualificar o sistema de Segurança Pública através do conhecimento ”, destaca com propriedade o professor Rodrigo que também é Membro do conselho de administração do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Fonte: Sinpefrs

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